A venda do Parque de Campismo da Galé, no concelho de Grândola, a um consórcio norte-americano está a gerar indignação local e motivou o lançamento de duas petições públicas que exigem a manutenção daquela infraestrutura.

Numa das petições, intitulada “Manter o Parque Campismo da Galé” e a circular na Internet, os signatários revelam a sua “enorme insatisfação e tristeza” pela venda daquele que é “para muitos considerado o melhor parque de campismo” do país.

“É alarmante que esteja neste momento nas mãos de um consórcio americano com um projeto em vista que irá descaracterizar tudo o que conhecemos e amamos neste parque de campismo”, lê-se na petição, que contava com quase 3.200 assinaturas, às 19:00 de ontem, quando consultada pela agência Lusa.

Os promotores desta petição pedem para que “não seja atribuída” à nova administração do parque, localizado na freguesia de Melides, “uma licença que não seja para manter, preservar e dar continuidade ao bom funcionamento e serviço” daquela infraestrutura.

“Pedimos de forma humilde que não deixem que o parque seja desmaterializado e que mantenham o seu funcionamento nesta área protegida, como até então”, lê-se no documento.

A petição é dirigida à Câmara de Grândola, PCP, Junta de Freguesia de Melides, ministro do Ambiente, Turismo de Portugal e Assembleia da República.

Na segunda petição, intitulada “O Camping Galé é de todos”, também lançada na Internet, os assinantes demonstram o seu descontentamento em relação a “um investimento que visa a descaracterização do litoral alentejano”.

“Estamos a falar de 32 hectares de solo catalogado como Reserva Natural que, durante anos, foi propriedade dos portugueses, protegido pelos portugueses, amado pelos portugueses. Estamos a falar de centenas de postos de trabalho simplesmente extintos e liquidados”, criticam.

Os proponentes desta petição, que contava com quase mil assinaturas, quando consultada pela Lusa, às 19:00, lamentam ainda “um investimento que visa à descaracterização do litoral alentejano”, como “tem vindo a acontecer cada vez mais frequentemente”.

“Estamos a falar, mais uma vez, de falta de apoio aos empreendedores nacionais que, após um duro golpe infligido pela pandemia, veem-se obrigados a ceder as suas atividades e negócios, para os entregar nas mãos de investidores estrangeiros multimilionários que em nada irão ajudar a economia portuguesa a levantar-se”, argumentam.

Segundo avançou recentemente o Jornal de Negócios, o Parque de Campismo da Galé foi comprado pelo consórcio norte-americano Discovery Land Company à Imobiliária das Ilhas Atlânticas, por 25 milhões de euros, com o objetivo de reforçar a aposta no litoral alentejano.

A empresa americana, revelou o mesmo jornal, pretende desmantelar o parque de campismo, instalado numa área de 32 hectares, de forma a expandir o projeto do empreendimento Costa Terra Golf & Ocean Club, naquela freguesia do concelho alentejano.

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