Os utilizadores do parque de campismo da Galé, no concelho de Grândola, promovem no domingo uma manifestação para exigir a reabertura daquelas instalações e resposta da câmara e do Governo, disse hoje à Lusa uma representante.

“O nosso propósito, acreditando que o parque pode e deve ser reaberto, é também chamar a atenção para o que se está a passar. Quer a nível municipal, quer governamental, tem de haver uma reposta para tudo o que se está a passar”, explicou Maria Prata.

O protesto está convocado para as 16:00, em frente à entrada do parque, e servirá também para reivindicar o funcionamento com “tarifas semelhantes às praticadas em anos anteriores”.

O parque de campismo da Galé foi encerrado “em finais de setembro de 2021” pelos atuais proprietários, o grupo norte-americano Costa Terra, que anunciou "há meses a realização de obras de manutenção para uma reabertura sem data prevista”, destaca uma publicação divulgada pelos utilizadores nas redes sociais.

No entanto, como “os residentes do parque continuam a poder entrar” nas instalações, os restantes utilizadores dizem ter conhecimento de que “não estão a ser feitas obras nenhumas”.

“As obras que houve foram de desmantelamento de algumas estruturas, como o campo de futebol. Estão a tentar cansar os residentes e conhecemos alguns que até já venderam as suas casas móveis e saíram”, denunciou.

A representante do grupo afirmou, ainda, que os utilizadores têm conhecimento de “uma grande pressão junto das pessoas para não se exporem publicamente”, quer sejam trabalhadores do parque ou do próprio grupo Costa Terra, um “secretismo” que denuncia as alegadas intenções do grupo.

“Querem ficar com aquele território para uma certa elite, impedindo as pessoas de acederem à praia, o que é ilegal. Se fizerem um ‘glamping’ a 100 euros por noite, não é a mesma coisa. A costa torna-se cada vez mais inacessível aos residentes e fica só para quem vem de jato privado”, acusou Maria Prata.

Durante o protesto, será entregue uma “carta simbólica” na receção do parque de campismo, destinada à administração do Costa Terra, que será também remetida ao presidente da Câmara Municipal de Grândola (CMG), António Figueira Mendes.

“O que pretendemos é questionar como é que a CMG e o Governo não intervieram no sentido de comprar o parque, que foi vendido por 23 milhões de euros. Para um particular, é muito dinheiro. Mas a nível de orçamento, para uma Câmara que o queira comprar para um uso mais público, é uma questão de cidadania”, concluiu Maria Prata.

A manifestação vai contar com a participação de pessoas ligadas a “vários movimentos” de cidadãos, mas não foi contactado “nenhum partido político” por tratar-se de um protesto de “um grupo de cidadãos sem qualquer filiação partidária”.

Entre os manifestantes deverão estar, também, vários signatários de uma petição com mais de 12 mil assinaturas, que será apreciada na Assembleia da República (AR), a pedir para que “não seja atribuída à nova gerência [do grupo Costa Terra] uma licença que não seja para manter, preservar e dar continuidade” ao serviço que tem sido prestado pelo Parque de Campismo.

Segundo o autor, Tiago Boanova, a petição já tem um relator atribuído na AR, que será a deputada socialista Clarisse Campos.

“Não é uma petição contra ninguém, mas a favor de muitos. O parque foi desenvolvido por toda a estrutura socioeconómica portuguesa e o que pretendemos é que tanto a CMG como a AR e todas as entidades que possam regular a situação deixem o parque aberto”, frisou Tiago Boanova.

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