O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, voltou a criticar o Governo por não aumentar o valor pago por cada utente da rede nacional de cuidados continuados, estando as misericórdias disponíveis para encerrar as unidades se não houver uma atualização dos valores.

"O Secretariado da UMP já escreveu uma carta ao Governo chamando a atenção [para esta questão] e as misericórdias estão, a pouco e pouco, a comunicar que estão na disposição de encerrar as unidades se não houver uma atualização pelo preço justo, pela prestação do serviço", disse Manuel Lemos em declarações aos jornalistas.

O responsável falava, esta terça-feira, à margem da inauguração da ampliação da Unidade de Cuidados Continuados de São João de Deus, da Santa Casa da Misericórdia de Santiago do Cacém, que permitiu a construção de mais seis camas.

O investimento na ordem dos 150 mil euros contou com um financiamento de 89 mil euros, após uma candidatura ao Fundo Rainha D. Leonor, criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas.

"Queremos que o Estado faça uma avaliação dos serviços, pelo preço justo, compare com os preços que temos e depois verifique e pague o serviço que nos compram", defendeu Manuel Lemos

O presidente da UMP adiantou que foi pedido "um aumento de 10 [euros/dia]" e que seja criado um "grupo de trabalho que faça um estudo sério sobre esta questão".

"O resultado pode ser trágico porque os senhores ministros dizem que isso passa pelo Ministério das Finanças e estamos assim", criticou o responsável, alertando para o agravamento da situação, depois da pandemia de covid-19 e de uma guerra na Ucrânia que provocou um "aumento inesperado de custos".

Segundo o dirigente, o plano traçado em 2006 apontava para a criação de 15 mil camas na rede de cuidados continuados até 2016, existindo, de facto, em 2022, apenas nove mil camas em funcionamento.

"Isto explica bem porque é que as misericórdias que queriam avançar com estes projetos, acabaram por não o fazer, porque correspondia a prejuízos", reconheceu.

Ainda assim, indicou, "há misericórdias que conseguem porque têm outras fontes de receita e insistem nestes projetos porque sabem o valor que têm para as comunidades".

"Não estamos aqui para ganhar dinheiro, mas para servir. O que não podemos é perder dinheiro, porque podemos servir agora, mas daqui a seis meses se calhar já não conseguimos. Isto é um assunto que diz respeito a todos os portugueses", advertiu.

 

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