O município de Sines vai criar, em conjunto com a Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) e a aicep Global Parques, uma Comunidade de Energia Renovável com vista à sustentabilidade energética deste território.

O projeto, que surge no âmbito da Transição Energética, permite a partilha de energia produzida no seio da comunidade entre os seus membros, com uma significativa redução de custos, podendo agregar entidades públicas e privadas no seu seio.

“Conseguirmos articular estas três vontades, escolher locais para instalar energia solar ou energia eólica é algo que pode ser muito importante, não apenas para as três instituições, mas para todos” que queiram aderir, explicou o presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, em declarações à agência Lusa.

De acordo com o autarca, com a criação da Comunidade de Energia Renovável (CER) vão “deixar de comprar grande parte da energia à rede, aos fornecedores habituais”, e vão “ter energia a um custo muito mais baixo”.

“Quanto mais empresas e instituições aderirem a esta comunidade, certamente que as vantagens serão imensas para todos e, por isso, quisemos dar este pontapé de saída e mostrar que estamos empenhados não apenas com a transição [energética] que o Governo e a Europa estão a fazer, mas que Sines pode ter aqui um papel importante” nesta matéria, frisou.

O autarca acrescentou que a CER “funciona quase como uma balança” em que “alguém produz e alguém consome”, ressalvando que pode “não ser a entidade que produz a consumir” essa energia.

“Podemos ter nas nossas escolas, painéis solares que estão a produzir energia para ser consumida, de segunda a sexta, mas que não é consumida durante o fim de semana. Portanto, alguém vai aproveitar essa energia que nesses dias não é utilizada”, exemplificou.

A criação da Comunidade de Energia Renovável de Sines, cujo memorando de entendimento entre as três entidades foi assinado esta segunda-feira, será antecedida de um estudo, a cargo da Agência de Energia do Ambiente da Arrábida (ENA), que tem a aicep Global Parques como associado.

O estudo vai fazer o levantamento das “necessidades de consumo de energia das entidades que constituem a ACER e perceber quais as oportunidades em termos de produção” para “avaliar a viabilidade desta comunidade, o modelo de negócio e a sua dimensão”, explicou à agência Lusa o diretor técnico da ENA, Orlando Paraíba.

Em declarações à Lusa, o presidente do conselho de administração da APS, José Luís Cacho, revelou que o Porto de Sines vai “avançar rapidamente com alguns investimentos na produção de energia renovável”.

“Esperamos, dentro de pouco tempo, ter o porto a viver totalmente de energia renovável e vamos tentar produzir energia, dentro desta visão integrada, quer por via eólica, solar ou das ondas, para tornar o nosso setor portuário, industrial e logístico mais competitivo, mais verde e mais descarbonizado”, referiu.

De acordo com Filipe Costa, diretor executivo da aicep Global Parques, esta comunidade de “génese pública” será “aberta” a todas “as entidades, grandes empresas e munícipes” que pretendam aderir.

“O objetivo é ter eletricidade mais verde e mais acessível”, indicou o responsável à Lusa, acrescentando que o território de Sines, que concentra “enormes projetos de transição energética e digital de Portugal”, será “o polo” que irá “consumir mais eletricidade de fonte renovável”.

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