A secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, disse hoje que a construção de um edifício de apoio à trasfega de pescado do cerco no porto de pesca de Sines "é importante para continuar a valorizar o pescado, o trabalho dos pescadores e o trabalho da frota do cerco".

"A valorização da pesca da frota do cerco e da sardinha, é hoje especialmente importante. neste momento em que o stock de sardinha se encontra recuperado. A sardinha é uma pescaria muito importante para Portugal, muito importante para a frota de Sines", realçou.

De acordo com a governante, que falava, em Sines, após a assinatura do contrato para a construção do equipamento, um investimento de 1,2 milhões de euros da Docapesca, o stock de sardinha "é agora da ordem das 451 mil toneladas, quando esse valor, em 2015, era apenas de 120 mil toneladas".

Em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia, a secretária de Estado das Pescas, disse que durante a pandemia o “setor das pescas manteve o abastecimento ao mercado e, este ano, mesmo durante o estado de emergência e com confinamento, reagiu com absoluta normalidade”, daí serem registados “uns resultados extraordinários”.

“A nossa preocupação enquanto tutela é aumentar o rendimento dos pescadores e valorizar o pescado na lota”, acrescentou a governante, realçando a “resiliência” do setor das pescas.

Prova disso, acrescentou, são os recentes números que apontam para um aumento de "23% do valor do pescado transacionado nas lotas e portos de Portugal continental", tendo atingido os "104,4 milhões de euros no final do primeiro semestre deste ano".

Também a “quantidade de pescado transacionado subiu, passando de 33 mil toneladas em 2020, para 37,1 mil toneladas em 2021, correspondendo a um aumento de 12,7%, o que resultou num aumento global do preço médio de 9,2% para 2,81 euros/quilograma”, adiantou.

“Comparativamente a 2019, ou seja, em período prévio à pandemia de covid-19, verifica-se igualmente um aumento do valor de pescado transacionado, de 5,3%, e o preço médio do pescado registou igualmente um crescimento, de 16,8%”, sublinhou.

De acordo com o presidente da administração da Docapesca, Sérgio Faias, o investimento de 1,2 milhões de euros na construção de um edifício de apoio à trasfega de pescado do cerco no porto de pesca de Sines vai permitir “melhorar a segurança dos trabalhadores e valorizar o pescado capturado”.

O edifício permitirá a escolha do pescado previamente à entrada em lota, desenvolvendo-se num único piso e respeitando os requisitos funcionais na sua relação com a doca e os edifícios já existentes da lota.

“Temos de criar as condições para que o tratamento do pescado se realize com as melhores condições de segurança, permitindo que o pescado seja descarregado da embarcação e entre no pavilhão sem estar exposto às condições atmosféricas e, com isto, durante a fase de escolha e manipulação, o pescado vai estar protegido e não vai perder as suas características”, explicou o administrador.

A empreitada, “vai estar dividida em duas fases” e inclui a construção do pavilhão operacional, as instalações sanitárias, balneários e a zona exterior coberta que fará a ligação da fábrica do gelo ao edifício da lota.

Para o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, trata-se de "um investimento esperado há muito", sendo uma obra que "vai criar melhores condições para quem aqui está a trabalhar e, sobretudo, a segurança do pescado que é passado através da lota".

"Temos uma grande tradição na pesca, e apesar de Sines ser um concelho industrial, portuário e logístico, tem na sua génese a pesca e como tal impunha-se que esta obra se fizesse. Vamos continuar a trabalhar com a Docapesca não só para resolver este problema, como outros que existem no porto de pesca e que têm de ser resolvidos a curto-prazo", sublinhou.

A primeira fase da obra está prevista arrancar em agosto e o conjunto das duas intervenções tem uma duração de cerca de nove meses, prevendo-se a sua conclusão em abril de 2022.

 

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