Os sedimentos depositados ao longo de vários séculos no leito da Lagoa de Melides, em Grândola, esconderam até hoje os destroços daquilo que se julga ser um navio holandês que, segundo registos, naufragou em janeiro de 1626 ao largo de Melides.

Segundo o relato do arqueólogo e Chefe da Divisão de Inventariação Estudo e Salvaguarda do Património Arqueológico da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), António Batarda, foi a natureza que expôs esta descoberta recente aos olhos dos curiosos, graças às chuvas que caíram com alguma intensidade na primeira metade de fevereiro deste ano.

O enchimento da lagoa levou ao rompimento do cordão dunar, expondo alguns dos destroços da embarcação que obrigou a uma operação de emergência na última sexta-feira.

Os trabalhos envolveram uma equipa do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática/DGPC- Património Cultural, em conjunto com a Direção Regional de Cultura do Alentejo, o Município de Grândola , o projeto apoiado pelo Orçamento Participativo de Portugal 2018 "Um Mergulho Na História", e em articulação com a Administração da Região Hidrográfica do Alentejo, a GNR, a Capitania do Porto de Sines e a Autoridade Marítima Nacional.

Numa corrida contra o tempo, os investigadores procederam ao registo tridimensional do destroço e à recolha de uma tábua de forro exterior da embarcação.

Esta amostra é considerada fundamental para validar a hipótese de se tratar de destroços do navio holandês Schoonhoven, recorrendo a um técnica designada por dendrocronologia.

Há documentação que regista que aquele navio holandês, com 400 toneladas, partiu a 20 de dezembro de 1625 da ilha de Texel, nos Países Baixos, naquela que seria a “sua terceira viagem em direção à Ásia, num percurso que se vê interrompido pelo seu naufrágio na costa de Portugal”.

“O navio terá sido arrojado contra a costa, ou tentado abrigar-se em Melides numa última manobra desesperada”, refere a DGPC.

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