A Aquila Clean Energy e a Universidade de Évora vão desenvolver um projeto-piloto “agrivoltaico” que combina práticas agrícolas com energia solar na central fotovoltaica de Cercal do Alentejo, no concelho de Santiago do Cacém.

Em comunicado, a Aquila Clean Energy, plataforma de energias renováveis da Aquila Capital na Europa, explicou que o projeto vai ser desenvolvido no âmbito de uma parceria formalizada na terça-feira com a Cátedra de Energias Renováveis da Universidade de Évora (CER-UE).

A parceria, indicou a empresa, vai permitir desenvolver um projeto-piloto para “identificar as melhores práticas agrícolas e espécies a cultivar” na área de implantação da futura central, assim como “nas áreas envolventes não utilizadas”.

Desta forma, a CER-UE vai ser responsável pela realização de um estudo científico onde será explorado o “conceito agrivoltaico”, ou seja “a coexistência de painéis solares e culturas agrícolas no mesmo local”, adiantou.

Este estudo, que “se inicia de imediato”, segundo fonte da empresa contactada pela agência Lusa, vai “identificar as espécies mais habilitadas para cultivo agrícola no terreno” onde será instalada a central fotovoltaica de Cercal do Alentejo.

Segundo a empresa, “esta é uma das soluções encontradas para responder a uma das principais preocupações sentidas localmente, que questionava a viabilidade da produção agrícola nas terras onde serão instalados os módulos solares”.

O estudo, que terá em conta “o tipo de solos e respetiva exposição solar”, vai analisar “a interface entre a produção solar e agrícola, identificando sinergias entre ambas as atividades”, explicou.

Numa primeira fase, serão estudadas “estratégias de compatibilização” da central solar fotovoltaica de Cercal do Alentejo “com as atividades agrícolas e de conservação” e, posteriormente, serão definidos projetos-piloto que irão “ensaiar as estratégias de compatibilização identificadas”, especificou.

“Este compromisso vai permitir complementar o conhecimento do local com uma componente académica e científica independente, aprofundando a caraterização já efetuada da área onde vai ser instalada a central”, lê-se no comunicado.

Para Manuel Silva, da Aquila Clean Energy em Portugal, citado no comunicado, esta parceria “traduz a preocupação” para com “a sustentabilidade e com as comunidades locais”.

“Queremos assegurar que a construção da central fotovoltaica do Cercal, essencial para atingir as metas que garantam uma transição energética efetiva em Portugal, permitirá a manutenção de práticas agrícolas e de pastoreio, o que responde a uma das principais preocupações suscitadas localmente”, sublinhou.

Por seu lado, a reitora da UÉ, Hermínia Vasconcelos Vilar, considerou que, para “o sucesso” deste projeto-piloto “ambicioso”, a “experiência e o conhecimento técnico-científico dos investigadores da Cátedra de Energias Renováveis serão absolutamente determinantes”.

A Cercal Power S.A., pertencente ao grupo Aquila Capital, é a empresa que detém o projeto desta central solar, a qual envolve um investimento global previsto de 164,2 milhões de euros.

Esta central solar, com uma capacidade instalada estimada de 275 megawatts (MW), deverá entrar em exploração em 2024 e fornecer energia limpa a 141 mil casas.

O projeto, que já recebeu Declaração de Impacte Ambiental favorável condicionada, tem sido contestado pelo movimento cívico Juntos pelo Cercal, que junta moradores e empreendedores daquela freguesia.

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