Um projeto agroflorestal para a produção de pera-abacate, que prevê a abertura de 34 furos para captação de água numa área de 722 hectares no concelho de Alcácer do Sal, está em consulta pública até final deste mês.

De acordo com a informação disponível no portal participa.pt, o processo de avaliação de impacto ambiental está em consulta pública desde o dia 12 de dezembro de 2023 e termina no dia 24 deste mês.

O projeto agroflorestal das Herdades de Murta e Monte Novo abrange uma área total de 2.402,10 hectares da freguesia da Comporta e da União das freguesias de Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo e Santiago) e Santa Susana, no concelho de Alcácer do Sal.

O resumo não técnico indica que o projeto, da empresa Expoente Frugal Lda, do grupo Aquaterra, prevê a “criação de uma área agrícola de produção de pera-abacate com 722,24 hectares [há] e de uma área florestal de produção de 1.415,85 hectares”.

Para a criação da área agrícola de produção de abacates será necessário abrir “34 furos de captação de água subterrânea para rega”, a “instalação de uma captação de água superficial no canal de rega da Associação de Beneficiários de Vale do Sado (ABVS) para rega”, lê-se no documento.

Entre os investimentos previstos estão também a construção de cinco reservatórios de armazenamento de água e de um reservatório de regularização da captação do canal da ABVS”, aponta.

Os promotores estimam que o projeto, que implica um volume de investimento na ordem dos 60 milhões de euros, deverá assegurar emprego permanente para 32 a 40 pessoas, prevendo-se que este valor ascenda, na época das colheitas, a mais 240 a 400 trabalhadores temporários.

De acordo com o documento, o projeto agroflorestal “insere-se totalmente na Zona Especial de Conservação (ZEC) Comporta/Galé, incluída no Sistema Nacional de Áreas Classificadas (SNAC)”.

Quanto à rega dos pomares de pera-abacate “será realizada pelo sistema gota-a-gota” com recurso à “captação de águas subterrânea” através de 34 furos verticais e “armazenamento em cinco reservatórios” através de “captação de água superficial a realizar no canal de rega do Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Sado (AHVS)”.

O documento indica ainda que “a rega de 722,24 ha de plantação de pera-abacate implica um consumo total de água na ordem dos 4,33 hm³ [hectómetros cúbicos]/ano (com origem em 3,22 hm³/ano de água subterrânea e 1,139 hm³/ano em água superficial)”.

O sistema de armazenamento de água “será garantido por cinco reservatórios, os quais apresentam uma capacidade de armazenamento da ordem de 100.000 m³ [metros cúbicos] cada, que permitem no seu conjunto assegurar 10 dias de rega”, observa.

“Em termos de energia elétrica prevê-se utilizar a instalação de uma linha aérea de média tensão existente na zona norte da propriedade”, junto à Estrada Nacional (EN) 253, estando prevista, em simultâneo, a “instalação de uma área significativa de painéis fotovoltaicos”.

Os promotores apontam que o início da construção e implantação do projeto possa ocorrer no primeiro semestre deste ano, estando dependente do desenvolvimento da Avaliação de Impacto Ambiental e da emissão da Declaração de Impacte Ambiental.

Estimam ainda que a primeira produção de pera-abacate ocorra entre 2029 e 2030, inicialmente, cerca de 1,5 tonelada por hectare, aumentando para 13 toneladas por hectare “ao quinto/sexto ano de cultura”.

A produção de pera-abacate, no concelho de Alcácer do Sal, terá como destino um centro de distribuição localizado na região do Algarve.

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