Produtores de arroz do Vale do Sado contabilizam perdas de 20% em relação ao ano anterior
Os produtores de arroz do Vale do Sado contabilizam este ano um total de 20% de perdas em relação à campanha de 2021, com uma redução da área de cultivo na ordem dos 1.500 hectares devido à seca. “A área cultivada de arroz diminuiu em relação à campanha anterior, a nível nacional à volta de [...]
Os produtores de arroz do Vale do Sado contabilizam este ano um total de 20% de perdas em relação à campanha de 2021, com uma redução da área de cultivo na ordem dos 1.500 hectares devido à seca.
“A área cultivada de arroz diminuiu em relação à campanha anterior, a nível nacional à volta de 2.000 hectares a menos, mas desses, 1.500 hectares são no litoral alentejano, com incidência especial em Alcácer do Sal e Santiago do Cacém”, avançou João Reis Mendes, presidente do agrupamento de produtores.
De acordo com o responsável do Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado (APARROZ) estes resultados “foram um bocadinho inferiores ao cenário que tínhamos projetado no principio do ano”, altura em que estimaram uma redução de 2.500 hectares da área de cultivo.
No entanto, “podemos confirmar que somos a zona mais afetada em termos de diminuição de áreas”, disse João Reis Mendes, apontando para uma quebra de cerca de cinco milhões de euros de receitas.
“Isto deve-se à falta de água no caso de Santiago do Cacém e de alguma maneira também em Alcácer do Sal e, nesta zona, acrescido da obra de rega do Vale do Sado que está a reparar um troço de canais que impede a rega este ano”, explicou.
A obra “não foi concluída o ano passado e só este ano é que vão concluir um resto do troço, o que implica à volta de 400 hectares a menos de área de arroz e mais cerca de 200 hectares que não são feitos porque não têm água suficiente”, adiantou o dirigente.
“Obviamente que isto são perdas para as explorações que são afetadas porque aquelas que não cultivam não têm a receita proveniente dessas áreas”, lamentou o representante dos produtores, que manifestou preocupação em relação à zona de Santiago do Cacém que é a mais preocupante”.
No concelho de Santiago do Cacém, os cerca de 150 produtores que são afetados já passaram por “três ou quatro anos de sucessivas secas”, havendo “uma continuidade de perda para os agricultores que têm explorações de arroz”, considerou.
O agrupamento “espera que haja uma evolução nos preços de venda do arroz em casca”, tendo em conta o “aumento brutal dos fatores de produção, especialmente, dos fertilizantes”, devido à guerra na Ucrânia que “encareceu muito o custo por hectare da cultura”.
Questionado sobre a possibilidade de aumentar a produção de arroz, para fazer face à escassez de cereais, o dirigente explicou que “não há forma, de um momento para o outro, alargar a área” de cultivo.
“Estamos condicionados porque temos de ter os terrenos completamente planos e sistematizados em canteiros, à cota zero, para podermos regar por alagamento e não há forma de, um momento para o outro, alargarmos a área” que se cinge aos estuários do Sado, Tejo e Mondego, indicou.
Segundo o dirigente, “com um autoabastecimento” de arroz, entre “os 60 e os 65%”, o país “tem de importar 40%” deste cereal do estrangeiro” que também está a ser afetado pela seca.
“Sevilha só faz 30% da área e a Estremadura Espanhola não cultiva este ano por falta de água. Isto vai influenciar um bocadinho os mercados e é capaz de, por um lado, haver uma subida de preços ao consumidor, e por outro, uma escassez eventual, porque o arroz vem da Ásia, América do Norte e do Sul”, perspetivou.
De acordo com João Reis Mendes, se os mercados “tiverem alguma complicação em termos de exportação e custos de transporte e de contentores pode haver alguma redução”, indicou.
O Vale do Sado, compreende os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém (distrito de Setúbal) e parte dos de Ferreira do Alentejo e Odemira (Beja).
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