Os vereadores da oposição na Câmara Municipal de Sines mostraram-se surpreendidos com a detenção do presidente Nuno Mascarenhas (PS) no âmbito de uma investigação judicial a negócios ligados ao lítio, hidrogénio e centro de dados.

“Foi com surpresa, mas, nesta fase, e no que concerne ao presidente da câmara, aconselhamos alguma serenidade para perceber, primeiro, o que consta a acusação e qual a verdadeira envolvência, para podermos tomar uma posição mais formal sobre o caso”, afirmou António Braz, um dos dois vereadores eleitos pelo movimento de cidadãos MAISines.

Uma das preocupações imediatas do autarca, que representa um movimento de cidadãos, eleito nas últimas eleições autárquicas, recai no "impacto" que esta investigação judicial poderá vir a ter nos investimentos previstos para Sines.

“Isto, conjugado com a demissão do primeiro-ministro, com eventuais novas eleições [legislativas], há aqui um conjunto de investimentos que se projetavam para Sines que podem ter um ‘delay’ em termos temporais ou ficarem comprometidos”, afirmou.

Também o vereador eleito pela CDU, Jaime Cáceres, manifestou a sua surpresa pela detenção do autarca socialista que cumpre o terceiro mandato na Câmara Municipal de Sines.

“Vejo com surpresa, muita surpresa porque não sabemos quais os motivos” que levaram à detenção do autarca “e por isso não podemos emitir opiniões”, disse.

E salvaguardou que, apesar de os pareceres não serem vinculativos, por se tratar de Projetos de Interesse Nacional (PIN), sempre votou “contra todas as pretensões que vieram à reunião de câmara” relacionadas com “o hidrogénio verde, o metanol, elétrolise”.

“Faltava muita informação nesses projetos, como [as questões do] armazenamento, do transporte, dos ‘pipelines’, [questões] como a segurança da cidade de Sines, se os projetos serviam só para alimentarem as fábricas ou a dessalinização da água”, especificou.

Segundo o vereador da CDU, “o projeto do Data Centre foi anterior” à sua tomada de posse.

Também o vereador do movimento MAISines, António Braz, reiterou que, em matéria de aprovação dos projetos, o município “não tem um papel decisório”.

“Espero que o mais rapidamente possível o presidente da Câmara de Sines possa clarificar porque é que esteve envolvido, porque a realidade é que em 50 anos de poder local democrático isto nunca tinha sucedido em Sines”, vincou.

Além de Nuno Mascarenhas, os outros quatro arguidos são o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, dois administradores da sociedade Start Campus, promotora de um centro de dados em Sines, e o consultor e advogado Diogo Lacerda Machado.

 

Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.