O movimento Juntos Pelo Sudoeste lançou hoje um manifesto contra o declínio do nível da água na albufeira de Santa Clara, concelho de Odemira, reivindicando uma “gestão atualizada, consciente e justa” do Aproveitamento Hidroagrícola do Mira.

O alerta do movimento de cidadãos de Odemira e Aljezur (Faro), que tem denunciado a “insustentabilidade” ambiental, paisagística e social do “avanço galopante e descontrolado da indústria agrícola” no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), surge no Dia Mundial da Água, que se assinala esta terça-feira.

No manifesto, o movimento mostra-se “contra uma gestão irresponsável” da água da albufeira de Santa Clara, assim como “o constante declínio do seu nível da reserva” e “a iminente exaustão” deste recurso natural.

“Reivindicamos uma gestão atualizada, consciente e justa do Aproveitamento Hidroagrícola do Mira, que deve passar por priorizar as necessidades da população local”, defende.

No entender do movimento, que lembra “a seca dramática que já se faz sentir” neste território, as entidades responsáveis devem responsabilizar-se por “redimensionar o Perímetro de Rega do Rio Mira, à luz do seu real custo ambiental e da realidade das alterações climáticas”.

O mesmo documento exige uma “monitorização e fiscalização sucessivas” dos ecossistemas “na defesa de um património natural já muito sacrificado pelos interesses de muito poucos, delapidados pela negligência das autoridades públicas (in)competentes e pelo incumprimento da legislação nacional e europeia em vigor”.

“Juntos a favor de uma biodiversidade de valor incalculável, em vez de um mar de plástico em solos áridos, inférteis e secos, regados por rios de fitofármacos poluentes” que “contaminam as nossas linhas de água e banham a nossa costa”, acrescenta.

No Dia Mundial da Água, o movimento volta a reivindicar “a revogação imediata” da resolução do Conselho de Ministros “que autoriza o triplo da área que estava coberta por plástico em 2019”.

Esta decisão permite “a expansão de práticas agrícolas que apostam na utilização intensiva de água para rega, plásticos, fertilizantes e pesticidas sintéticos, na importação de mão-de-obra barata, que trabalha e vive em condições degradantes”, considera.

Exige também “a realização e divulgação de estudos independentes de impacto ambiental e social da atual área agrícola e a aprovação prévia do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) de qualquer expansão da mesma”.

Por fim, no manifesto, o movimento mostra-se contra “a instalação de “cidades” de contentores para abrigar trabalhadores nas explorações agrícolas, em pleno Parque Natural, contra o esgotamento permanente da capacidade de resposta ao nível da habitação, serviços públicos e infraestruturas mais básicas.

“Exigimos o reforço financeiro e de recursos humanos em todos estes serviços”, assim como “esforços para encontrar habitação condigna para todos os trabalhadores”, conclui.

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