Ministro da Cultura em Odemira diz que cante alentejano "está vivo e recomenda-se"
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, destacou hoje em Odemira, no distrito de Beja, a importância da dimensão intergeracional do cante alentejano, considerando que esta arte polifónica está viva e “recomenda-se”. O cante tem sido “um elemento central da cultura” alentejana e, ao longo dos anos, tem sido responsável pela promoção do [...]
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, destacou hoje em Odemira, no distrito de Beja, a importância da dimensão intergeracional do cante alentejano, considerando que esta arte polifónica está viva e “recomenda-se”.
O cante tem sido “um elemento central da cultura” alentejana e, ao longo dos anos, tem sido responsável pela promoção do “vínculo social”, afirmou o governante.
Pedro Adão e Silva falava aos jornalistas à margem da inauguração de um monumento ao cante alentejano, em Odemira, para assinalar os oito anos da classificação como Património Imaterial da Humanidade deste canto polifónico típico da região.
“É um reconhecimento merecido, é um reconhecimento que tem sido apoiado e que tem também correspondido a uma renovação do cante alentejano. Acho que essas duas dimensões, a do reconhecimento da memória e a da renovação, são cruciais para manter o cante vivo”, realçou.
Após a inauguração da escultura, da autoria de Fernando Fonseca e que representa um grupo coral de dimensões monumentais, com 12,5 metros de comprimento, seis metros de altura e mais de 14 toneladas de peso, o ministro sublinhou o interesse de ali encontrar “vários destes grupos, já com jovens, muitas crianças [e] muitas mulheres”.
“Há aqui uma transmissão intergeracional, às vezes até mais de avós para netos, saltando uma geração, em que se pode ter perdido um pouco a dinâmica e a energia do cante, mas acho que o cante está vivo e recomenda-se”, disse.
Questionado pela agência Lusa sobre o facto de Portugal não apresentar este ano qualquer candidatura ao selo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o governante lembrou que “o país tem bens imateriais que tem sabido preservar, que têm sido reconhecidos e que são hoje fundamentais para a distinção do território e para a distinção da cultura portuguesa”.
“Não temos de ter sempre bens a classificar, temos tido várias classificações. Hoje estamos a celebrar os oito anos da classificação do cante, não precisamos de estar aqui numa sofreguidão em que todos os momentos temos de apresentar bens”, frisou.
Recusando fazer “antecipações” dos “próximos capítulos” ou apontar outros bens imateriais que Portugal possa ter na lista para candidatar, o governante referiu ser importante “que essa dinâmica parta de baixo”, dando o exemplo do “sucesso” de candidaturas como a do cante alentejano ou do fado.
“O Ministério da Cultura estará sempre cá para apoiar essas dinâmicas, mas não precisamos de marcar um ponto todos os anos em que temos um novo bem classificado”, concluiu.
Com a criação deste monumento, o município pretende "inscrever Odemira naquilo que é o tributo ao cante alentejano" e constituir-se "como primeira porta de entrada no território" alentejano, sublinhou o presidente da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro.
Desta forma celebra-se "os grupos corais, a nossa tradição, o nosso cante" e também "a inovação que vai acontecendo no cante no Alentejo", adiantou.
"Temos um património imaterial muito diverso, como de resto é o concelho de Odemira no todo e que estamos a fazer tudo para que seja preservado, continue a inovar, a fazer parte do nosso dia a dia, da nossa identidade que, na verdade, nos vai constituindo como alentejanos que somos e que nos diferencia", realçou.
O cante alentejano, canto coletivo sem instrumentos, tornou-se Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 27 de novembro de 2014, na sequência de uma candidatura apresentada pela Câmara de Serpa e pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo.
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