A companhia de teatro Mala Voadora vai desenvolver, durante dois anos, no concelho de Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal, atividades artísticas com escolas e centros de dia com o objetivo de reinventar o teatro radiofónico.

“Queremos mudar o paradigma, sair do meio urbano e ir à procura de outros contextos onde possamos desenvolver a nossa prática artística”, explicou um dos fundadores da Mala Voadora, Jorge Andrade, durante a apresentação do projeto Campilhas Internacional, que decorreu no salão nobre da Câmara de Santiago do Cacém.

A Mala Voadora, que reparte o seu trabalho entre as cidades de Lisboa e do Porto, vai passar a desenvolver “parte significativa da sua atividade” no concelho de Santiago do Cacém, no litoral alentejano, no âmbito do projeto Campilhas Internacional.

De acordo com o responsável, através de uma parceria com a empresa DAM Business, responsável pela construção de um empreendimento turístico e cultural junto à Barragem de Campilhas, no concelho de Santiago do Cacém, a Mala Voadora “ficará responsável por vários espaços” culturais.

Entre eles, “um Grande Auditório, Estúdio de Som, Estúdio de Dança, Estúdio Digital, uma Sala Polivalente e um conjunto de áreas destinadas a residência de artistas”, avançou.

À agência Lusa, o diretor artístico da companhia de teatro, Jorge Andrade, explicou que a Mala Voadora vai assumir a “dinamização cultural” do empreendimento turístico com o objetivo de “criar condições para atrair produções internacionais”.

Em conjunto com o município de Santiago do Cacém e vários parceiros locais, nacionais e internacionais, a companhia de teatro vai desenvolver, durante dois anos, neste território “um projeto artístico”, denominado Campilhas Internacional, centrado no teatro radiofónico.

Financiado pelo fundo internacional EEA Grants, no valor de 400 mil euros, o programa cultural inclui momentos de teatro radiofónico, espetáculos, formação e residências artísticas.

Para o presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, este é um projeto “altamente diferenciador” a nível nacional, sendo também um investimento “catalisador” do ponto de vista turístico e cultural.

Além de envolver as comunidades do interior do concelho, alunos das escolas e utentes de centros de dia, a programação conta com a participação de escritores, músicos e sonoplastas, para reinventar o teatro radiofónico enquanto “teatro virtual”.

Através da iniciativa "Radioatividade", os alunos de escolas do 1.º ciclo serão convidados a ouvir oito peças radiofónicas, escritas por autores portugueses e noruegueses.

“Todas as semanas terão atividades diretamente ligadas com a peça radiofónica e, no final do ano letivo, vão escolher a peça que mais gostaram”, adiantou o ator e encenador, Jorge Andrade.

Outra das atividades, designada “Tempo de Antena", dirigida aos utentes dos centros de dia, inclui a transmissão, na rádio M24, de 72 episódios do folhetim radiofónico "Rádio Confidencial", escrito por Alex Cassal e produzido pela Companhia Maior, de Lisboa.

A estrutura propõe-se ainda realizar um projeto de teatro radiofónico, em parceria com um grupo de teatro amador do concelho de Santiago do Cacém, e iniciar um trabalho com "um grupo de pessoas desempregadas" que será transformado num “ballet laboral”.

Assim, a companhia de teatro vai “procurar pessoas” a usufruírem da "última prestação de desemprego e continuar a pagar o ordenado, com o apoio do EEA Grants, mas desta vez para fazerem o seu trabalho em cima do palco”, esclareceu.

No âmbito da atividade “Audiowalk”, a Mala Voadora vai convidar grupos da Radiodifusão Nacional da Islândia (RÚV) a visitar o território de Santiago do Cacém e a escreverem “algumas peças sobre a paisagem” num confronto de ideias entre visitantes e residentes do concelho.

Pretende ainda realizar “várias peças radiofónicas”, com a representação de dramaturgos noruegueses, direcionadas ao público em geral, apresentar espetáculos de dança, teatro e música em parceria com companhias e grupos de teatro e proporcionar várias residências artísticas.

De acordo com Jorge Andrade, ao longo de dois anos, “vão passar em Campilhas cerca de 50 artistas em residência” com o objetivo “de esbater as fronteiras entre arte e vida quotidiana”.

“Este programa é feito com o BIT Teatergarasjen, uma instituição norueguesa que vai trazer cerca de 17 artistas, com o Teatro Nacional D. Maria II que trará artistas portugueses e não só e os restantes virão através da Mala Voadora”, disse.

O programa artístico Campilhas Internacional termina em julho de 2023, concluiu.

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