Uma petição pública contra o projeto de instalação da Central Solar Fotovoltaica de Cercal do Alentejo foi lançada na internet para dizer não a um projeto que pretende instalar, a cerca de um quilómetro da vila, mais de 553 mil módulos fotovoltaicos.

A petição, que circula também em papel, foi lançada por moradores, agricultores e empresários turísticos locais, e contava hoje com mais de 800 assinaturas.

Os subscritores manifestam-se contra a “monocultura intensiva de painéis solares” e criticam a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) por alegadamente ter promovido uma sessão de esclarecimento “apenas dois dias antes do fim do prazo” da consulta pública.

“A proliferação das centrais solares é o novo fenómeno no litoral alentejano, depois das estufas de frutos silvestres, olivais e amendoais intensivos. Os planos de mega centrais solares em torno de pequenas aldeias e vilas com um décimo dessa área tem que ser revisto”, pode ler-se no documento.

Os promotores defendem que "a beleza identitária da paisagem do montado não é compatível com milhares de hectares de painéis fotovoltaicos junto aos seus pequenos povoados" e reconhecem que "as energias renováveis são importantes para a região, a par do turismo".

Por isso, entendem ser "importante que a população e as entidades" ligadas ao setor do turismo e agricultura, tal como o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) "sejam envolvidas neste processo desde o princípio".

No entender dos subscritores, com a construção da central solar e de uma Linha de Muito Alta Tensão (LMAT), "o microclima do Cercal vai ser alterado com impacto nas espécies endémicas quer da flora quer da fauna" a "paisagem alentejana será alterada e não foi considerado o respectivo impacto no Turismo e economia local, deteriorando irremediavelmente as amenidades turísticas e o património natural e agrícola, que é a principal fonte de rendimento da região".

"Ninguém quererá fazer turismo numa zona onde a natureza deu lugar a um mar de painéis solares, os terrenos ocupados são os mais férteis e não sabemos o seu impacto no futuro da agricultura tradicional caso a central seja ampliada, a área do projeto contém hectares de pasto essenciais ao gado da região e nacional", defendem.

O projeto desta central solar fotovoltaica, que a empresa Cercal Power, S.A pretende desenvolver em Cercal do Alentejo, prevê um investimento global de 164, 2 milhões de euros e o respetivo Estudo de Impacte Ambiental (EIA) esteve em consulta Pública até 10 de maio.

A iniciativa resulta da junção de cinco centrais de menor dimensão, “com licença de produção já atribuída” pela Direção-Geral de Energia e Geologia, e a construção de uma LMAT. Os painéis serão instalados numa área de 137,05 hectares, onde serão montados 553.722 módulos fotovoltaicos, com uma potência total de injeção de 223,6 MVA (megavolt-ampere) para produzir em média 596.206 megawatts (Mwh)/ano, é referido no resumo não técnico do EIA.

 

Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.