Lagoa de Melides em Grândola abre ao mar para renovação das águas
A Lagoa de Melides, no concelho de Grândola, abriu hoje ao mar, num processo coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que visa a renovação da água para evitar o “esgotamento do oxigénio” no verão. “É a renovação da água e deixar a lagoa mais preparada para as temperaturas muito altas que vai enfrentar no [...]
A Lagoa de Melides, no concelho de Grândola, abriu hoje ao mar, num processo coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que visa a renovação da água para evitar o “esgotamento do oxigénio” no verão.
“É a renovação da água e deixar a lagoa mais preparada para as temperaturas muito altas que vai enfrentar no verão”, explicou à agência Lusa Isabel Pinheiro, chefe de divisão do litoral da Administração da Região Hidrográfica (ARH)do Alentejo.
De acordo com a responsável, o processo de abertura de um canal no areal para ligar a lagoa ao mar vai garantir a saída do “máximo volume de água possível”, assim como “de matéria orgânica que está acumulada” no interior da lagoa.
“As temperaturas muito altas de verão [podem] criar fenómenos de esgotamento de oxigénio", o que leva "à morte generalizada de peixes na lagoa”, especificou.
Este ano, indicou, a Lagoa de Melides “tem mais água do que no ano passado”, mas “há outros fatores que influenciam o sucesso de abertura”.
“O desejável é que ela fique aberta uma semana, mas isso não tem acontecido porque tem pouca água e o mar não tem ajudado. A ondulação tem tendência para fechar rapidamente o canal que estamos a abrir e o processo termina aí”, estimou.
Segundo a responsável, as alterações climáticas “também dificultam estas operações", dando como exemplo "ciclos consecutivos de invernos pouco chuvosos" que fazem "o nível da água das lagoas" ficar "muito baixo" e tornam estas operações "menos eficazes”.
Também a Lagoa de Santo André, no vizinho concelho de Santiago do Cacém (Setúbal), que foi aberta ao mar no passado dia 07 deste mês, só se manteve assim durante poucas horas, tendo fechado a seguir, o que limitou o processo de renovação das espécies.
“Há aqui uns dias, que são muito poucos, em que se pode fazer esta operação”, explicou.
No caso da Lagoa de Santo André, “ainda temos de conciliar [o processo de abertura] com os interesses da avifauna porque, se for aberta mais tarde, compromete os ninhos", explicou, especificando que “a descida abrupta do nível da água” leva “as aves a abandonarem os ninhos” afetando “as posturas desse ano”.
“Escolhemos o dia do pico da maré. Não podia ser mais tarde por causa das aves, mas o mar estava muito alterado. A ligação ao mar foi estabelecida duas horas e meia depois do previsto, houve pouco tempo até ao pico da maré vazia para continuar o escoamento pelo canal e, na maré cheia, o mar fechou a barra”, relatou.
Quatro dias depois, a APA realizou “uma segunda tentativa” para estabelecer uma nova ligação da barra ao mar, mas sem sucesso, reconheceu a responsável, garantindo, no entanto, que houve “renovação da água”.
“Era desejável que estivesse aberta mais tempo, mas a renovação da água aconteceu. Portanto, do ponto de vista da qualidade da água o objetivo foi razoavelmente cumprido”, sustentou.
Questionada sobre a possibilidade de, até maio, voltar a repetir o processo, Isabel Pinheiro disse que essa “será uma outra opção que já não se relaciona com a qualidade da água” e, nesse caso, “terá de ser executada por outra entidade que sirva outros valores, outros interesses”.
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