Fórum Pensar a Educação refletiu sobre o papel da escola de hoje na sociedade de amanhã
A Câmara de Santiago do Cacém organizou o segundo Fórum “Pensar a Educação – A Educação hoje e a sociedade de amanhã”, que decorreu dia 17 de junho, no Auditório Municipal António Chainho, em Santiago do Cacém. A iniciativa contou com a participação de autarcas, da Diretora Regional de Educação do Alentejo, Maria João Charrua, [...]
A Câmara de Santiago do Cacém organizou o segundo Fórum “Pensar a Educação – A Educação hoje e a sociedade de amanhã”, que decorreu dia 17 de junho, no Auditório Municipal António Chainho, em Santiago do Cacém.
A iniciativa contou com a participação de autarcas, da Diretora Regional de Educação do Alentejo, Maria João Charrua, de professores, educadores, auxiliares de ação educativa, pais e alunos.
Durante a sessão de abertura, o presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, abordou os desafios e os constrangimentos que a transferência de competências do Governo trouxe à autarquia.
“Não se trata de não querer assumir responsabilidades, mas reivindicar a respetiva dotação financeira para responder às novas competências. A necessidade de mais recursos justifica-se porque a intervenção do Estado, ao longo dos anos, ficou aquém das necessidades das escolas", disse, citado num comunicado, enviado pelo município.
"Um exemplo gritante no nosso concelho é o da Escola Secundária Padre António Macedo (ESPAM), em Vila Nova de Santo André, que desde a sua construção, há 40 anos, poucas intervenções recebeu”, acrescentou.
No encontro, o autarca recordou que existe um compromisso do Governo para recuperar estas escolas, mas que o “correto teria sido fazer essa requalificação antes de as entregar ao município”.
Álvaro Beijinha sublinhou ainda o investimento na ordem dos quatro milhões de euros que a câmara fez nas escolas do 1.º ciclo, que eram da sua responsabilidade, que foram climatizadas e equipadas com quadros interativos.
O Fórum teve como oradores convidados, a psicóloga Susana Cheis, com o tema “Desacelerando a pressa, abraçando o vagar: cuidando da saúde mental numa sociedade sem tempo”, e o professor Doutor Rui Pereira, que discursou sobre a “Escola e produção de subjetividades”.
Susana Cheis alertou para a saúde mental e física das crianças e jovens portugueses, apontando para estudos que revelam situações de stress, ansiedade, depressão, tristeza, alterações mentais e comportamentais.
Defendeu ainda a necessidade de se respeitar “o tempo de cada criança” e de se “valorizar o processo de aprendizagem sem estar apenas focado no resultado”.
A oradora alertou ainda para ideia da perfeição “que é assustadora e castradora da saúde mental” e deixou deixou algumas dicas para desacelerar: "ter tempo para dormir, brincar, o ócio, exercício físico e o contacto com a natureza".
Já Rui Pereira lançou o desafio para se pensar “o que é um sistema de ensino”, no “lado negativo da uniformização” e na importância de “responder às perguntas das crianças” e de “se aprender a construir perguntas e questões”.
Considerando que é “uma aberração fazer exames a crianças de 10 anos”, o especialista o mérito, quando “há centenas de milhares de crianças à beira da miséria e pobreza em Portugal" que não têm como estudar.
Por sua vez, a vereadora da Educação da Câmara de Santiago do Cacém, Sónia Gonçalves, encerrou o Fórum sublinhando “o trabalho imenso” que a autarquia faz em prol da educação no concelho ao assegurar transportes, refeições, prolongamentos de horários, atividades lúdicas e desportivas, apoios monetários, a oferta dos livros de fichas ou acesso a novas tecnologias na sala de aula, entre outras ações.
Para Sónia Gonçalves, a questão da saúde mental “é um assunto que diz respeito a toda a sociedade" e, no seu entender, "deve ser debatido para se encontrar soluções”.
Quanto à escola “temos de saber que de tipo queremos e o que significa a tempo inteiro, por que se for para dar às crianças ainda mais horas de estudo e atividades acabamos naqueles números sobre a saúde mental”, defendeu.
Em paralelo ao Fórum esteve patente uma mostra de trabalhos desenvolvidos pelos professores e educadores nos quatro agrupamentos de escolas do concelho, bem com uma apresentação dos projetos e atividades desenvolvidos, no âmbito da Educação Não Formal, pela Câmara Municipal com as escolas, as famílias e com as entidades parceiras.
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