A importância da música contra as ditaduras no espaço ibero-americano vai estar em destaque no Encontro da Canção de Protesto, que se realiza em Grândola, entre sexta-feira e domingo, com concertos, sessões testemunhais e cinema.

O evento, organizado pela Câmara Municipal de Grândola, no âmbito do Observatório da Canção de Protesto, vai juntar, “em três espaços emblemáticos da vila morena”, músicos nacionais e internacionais e figuras ligadas ao universo da canção de protesto.

Este ano destacamos o caso chileno que assinalou os 50 anos da ascensão de Pinochet ao poder e, o caso português, com o ato preparatório do próximo ano que será dedicado aos 50 anos do 25 de Abril”, explicou à agência Lusa a vice-presidente do município, Carina Batista.

Segundo a autarca, a 5.ª edição do Encontro da Canção de Protesto procura “valorizar todas estas lutas” e deixar o alerta junto do público, principalmente, o mais jovem, para o facto de a “liberdade individual e não só poder estar comprometida”.

Não podemos esquecer as lutas que foram travadas pelos nossos antepassados. Temos, sobretudo, que alertar a juventude para este perigo e a melhor forma de tocarmos as pessoas e de falarmos a uma só voz é precisamente através da música e da cultura”, defendeu.

Segundo a organização, a inauguração da exposição “A Canção de Protesto e as Ditaduras Ibero-Americanas”, às 18:00, seguido do concerto de A Garota Não, na Biblioteca e Arquivo de Grândola, marcam o arranque do encontro na sexta-feira.

À noite, a partir das 22:00, o Jardim 1.º de Maio recebe o concerto de Estravagarios, grupo musical que agrega membros históricos de Quilapayún, conjunto representativo do movimento conhecido como Nueva Canción Chilena que foi dirigido por Victor Jara, figura em destaque na edição deste ano.

No segundo dia, o evento arranca, às 11:30, com a sessão testemunhal “Música e Resistência na Ditadura Franquista”, no Cineteatro Grandolense, com a participação de Arturo Reguera, Bernardo Fuster, Miro Casabella e Sara Maia na moderação.

O programa inclui, a partir das 15:00, uma sessão de cinema documental com a exibição do documentário “El Derecho de Vivir en Paz”, de Carmen Luz Parot, dedicado a Victor Jara e, às 17:00, a sessão testemunhal “A Canção de Protesto na América Latina” com Luís Cília, Patricio Castillo, Rodolfo Parada, Patricio Wang e Nuno Pacheco na moderação.

O Jardim 1.º de Maio recebe, a partir das 21:30, o concerto de Miro Casabella, cantor e compositor galego que integrou o coletivo Voces Ceibes, colaborou com José Mário Branco e atuou com Paco Ibáñez, Luís Cília e José Afonso, e a atuação de Vitorino (22:30).

No último dia, no Cineteatro Grandolense, a partir das 10:00, haverá uma sessão de cinema para a infância intitulada “Cantamonitos” com a transmissão de 13 curtas-metragens de animação em ‘stopmotion’ dedicada às canções latino-americanas.

O programa inclui ainda, às 11:30, a sessão testemunhal “Canção de Protesto: dos Últimos Anos da Ditadura aos Cinquenta Anos do 25 de Abril. Como Evocar?”, com as participações de Luiz Pedro Faro, José Neves, Joaquim Vieira, Irene Pimentel e Mário Correia na moderação.

O Encontro da Canção de Protesto encerra, às 15:30, com um concerto evocativo do Primer Encuentro de la Canción Protesta, realizado em Cuba, em 1967, que junta os músicos da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense e Adélia Botelho.

O Observatório da Canção de Protesto tem como objetivos o estudo, a salvaguarda e a divulgação do património musical tangível e intangível da canção de protesto produzido durante os séculos XX e XXI, através de iniciativas culturais diversas.

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