A Lagoa de Santo André abriu esta sexta-feira ao mar numa operação vedada ao público para evitar a aglomeração de pessoas junto ao canal, devido à pandemia de covid-19.

 

Ao contrário de anos anteriores a operação juntou poucas dezenas de curiosos no areal para assistir ao encontro das águas que ocorreu cerca das 16:58 desta sexta-feira.

O processo, coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), consiste na abertura de um canal entre o corpo lagunar e o mar, que “estabelece a ligação entre as águas do mar e as da lagoa” que, este ano, devido às chuvas “está bastante cheia”, explicou Isabel Pinheiro, chefe de divisão do litoral da Administração Regional Hidrográfica (ARH) Alentejo.

“Este ano a extensão do canal é mais reduzida, cerca de 250 metros, porque a lagoa está mais cheia do que em anos anteriores, mas a largura é de cerca de 20 metros para permitir o escoamento da água”, acrescentou a responsável.

A operação tem como objetivo “promover a renovação da água, de forma a que haja o esvaziamento destas águas que já estão aprisionadas desde o ano passado e que já tem muita matéria orgânica, e o reenchimento com a água do mar”.

“Depois vai juntar-se com a água doce que vem das duas ribeiras tributárias de forma a que os níveis de oxigénio e os outros parâmetros ambientais sejam adequados, para que o plano de água esteja em condições de enfrentar o verão, que é a altura mais critica para este tipo de ambientes”, esclareceu.

Nesta altura do ano, “entram [na lagoa] muitos peixes juvenis, com interesse comercial, e que enriquecem a fauna piscícola da lagoa”, sublinhou.

Este ano a APA, que conta com o apoio do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a colaboração da Capitania do Porto de Sines, “não tem uma previsão” do período em que a lagoa vai permanecer aberta, mas indica que o “ideal seria pelo menos um mês” para “a renovação ser eficaz”.

“Se ela fechar mais cedo do que os trinta dias, nós temos previsto uma reabertura novamente com os meios mecânicos”, garantiu.

Para o presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, o mais importante "é que os trabalhos corram bem, apesar de o mar não estar a ajudar e estar mexido" durante a tarde.

"Esperemos que a lagoa possa estar aberta o maior número de dias possível porque esta questão da renovação das águas é importante para o habitat, em particular, a enguia que é um ex-libris importante ao nível da restauração. Se porventura fechar rapidamente há o compromisso de voltar a abrir que era algo que no passado não foi acautelado".

O autarca defendeu que processos deste género, tal como outros relacionados com a Reserva Natural da Lagoa de santo André, em particular, a pesca "devem ser tratados de uma forma diferente e envolver a comunidade local e os pescadores que aqui vivem, que conhecem isto melhor do que ninguém".

"Há aqui questões como a pesca, o acesso aos barcos que têm de ser tratados de uma forma diferente", frisou.

Ainda de acordo com a responsável, a abertura da Lagoa de Melides, no concelho de Grândola, estava prevista para o final de março “mas como abriu espontaneamente e se mantém aberta, em principio, estamos a equacionar cancelar a operação de abertura porque a natureza deu uma ajuda”.

 

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