O abate de árvores na Avenida Manuel da Fonseca está a ser criticado, em Santiago do Cacém, com o Bloco de Esquerda a falar em “abates abusivos” e a considerar “urgente” um “plano de rearborização” para a cidade.

Nas últimas semanas, o município procedeu ao abate de árvores em várias zonas da cidade, numa ação inserida no projeto de requalificação daquela que é uma das principais artérias da cidade de Santiago do Cacém, causando indignação nas redes sociais.

“Nos últimos dois, três anos, a cidade de Santiago do Cacém tem sido alvo de um conjunto de abates abusivos, como os eucaliptos centenários do rio da Figueira, e as podas agressivas, na estrada do Fidalgo”, afirmou hoje à rádio M24 Bruno Candeias, da concelhia do Bloco de Esquerda de Santiago do Cacém.

De acordo com o dirigente, por via da requalificação da avenida Manuel da Fonseca e da envolvente ao Mercado Municipal, “um conjunto de cidadãos tem vindo a desenvolver esforços para que algumas árvores não fossem abatidas no plano de requalificação mas a autarquia parece não querer ouvi-los e começou a abater árvores de grande porte”.

“São árvores com décadas de vida e para termos novas árvores desta dimensão vamos precisar de muitos e muitos anos”, acrescentou.

Considerando as obras de requalificação “um fator importante” Bruno Candeias defende que “é possível fazer obra mantendo as árvores”.

“Neste momento, Santiago do Cacém, é uma cidade completamente despida de arborização e por isso exigimos que a autarquia desenvolva um plano de rearborização urgente porque o que se prevê é a plantação de árvores minúsculas e que só daqui a muitos anos possamos vir a ter árvores iguais às que existiam”, afirmou.

O abate das árvores sempre esteve contemplado no projeto que esteve em exposição e foi alvo de debate público.

O presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, que acusa o Bloco de Esquerda de “se agarrar a algum ruído nas redes sociais para tirar proveito político”, diz que a intervenção que a autarquia está a desenvolver “é um projeto pensado e apresentado publicamente”.

“Estamos a falar de uma requalificação de infraestruturas a vários níveis, muito importante para a qualidade de vida das pessoas e naturalmente que estamos a falar de uma requalificação a nível paisagístico”, acrescentou.

Reconhecendo “o ponto de vista afetivo” de algumas das pessoas que estão contra o abate de árvores, o autarca recorda “os problemas graves” causados pelas raízes .

“Estas árvores de grande porte criam problemas graves e são um obstáculo à circulação pedonal. Considero até contraditório que o BE, que é um partido que fala muito na questão das acessibilidades, da mobilidade de pessoas com deficiência, não perceber que aquelas árvores causam problemas e fazer um aproveitamento político da intervenção que estamos a fazer”, ressalvou.

O autarca explica ainda que o projeto de requalificação “prevê o abate de algumas árvores e a substituição por outras espécies que se adaptam muito mais à realidade urbana”.

“É preciso pensar e perceber que as árvores que estamos hoje a retirar foram plantadas há muitos anos, em que o conceito de mobilidade urbana era pensado de outra forma, e aquilo que vamos repor é bem mais, em termos de número de árvores, do que aquilo que existe atualmente”, acrescentou.

O projeto de requalificação da avenida Manuel da Fonseca do zona envolvente ao Mercado Municipal está incluído no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) de Santiago do Cacém que prevê um investimento global de 1.9 milhões de euros, financiados por fundos comunitários.

A obra, que tem um prazo de execução de 18 meses, inclui a requalificação dos passeios com faixa de acessibilidade, criação de acessos desnivelados a passadeiras, criação de zonas de estar, plantação de mais árvores, colocação de mobiliário urbano moderno e funcional, criação de bolsas de estacionamento e de zonas de cargas e descargas, reforço da rede pública de abastecimento de água, reconfiguração das redes de drenagem de águas pluviais e de esgotos, pavimentação e sinalização rodoviária, reformulação da iluminação pública, introdução de ilhas ecológicas (recolha de resíduos).

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