O reforço da água de Alqueva para as barragens de Santa Clara, em Odemira, e Odelouca, no Algarve, é uma das principais medidas defendidas num manifesto “Água ao serviço do futuro” promovido pelos autarcas de Aljezur, Odemira e Ourique.

O documento, subscrito pelos presidentes das câmaras de Lagos, Lagoa, Monchique, Portimão, Silves e Vila do Bispo, no Algarve, e por mais de 30 entidades, de entre as quais a AHRESP, a Portugal Fresh e a Somincor, e o apoio da CAP, visa identificar e apresentar ao Governo soluções concretas e imediatas para aumentar, de forma sustentável, a disponibilidade de água na região.

Em declarações aos jornalistas, à margem da assinatura do manifesto, o presidente da Câmara de Odemira, Hélder Guerreiro defendeu que a ligação a Alqueva “é essencial” para garantir o futuro hídrico deste território.

"Aquilo que pensamos que pode ser uma das soluções é esta interligação entre diferentes espaços de armazenamento de água. A barragem de Santa Clara é um espaço muito relevante do ponto de vista do armazenamento de água, seja porque ela venha das chuvas, seja porque estas interligações permitem que a albufeira armazene água não utilizada noutros locais", afirmou.

De acordo com o autarca, a água armazenada em Santa Clara pode ser distribuída para outras barragens do transformada em produção de riqueza.

"Nenhuma água é desperdiçada, mas sim a água que não é utilizada em alguns locais pode ser aqui armazenada e aqui distribuída para outras barragens como Odelouca ou Bravura e aqui transformada em produção de riqueza", considerou.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Aljezur, José Gonçalves, reiterou que com este manifesto os subscritores querem fazer parte de uma solução para o futuro do território.

"Este manifesto significa que nós no território estamos preocupados com a situação e queremos fazer parte de uma solução futura que traga mais água para a região e queremos transmitir isto de viva voz, através deste memorando", frisou.

O manifesto defende a criação de um Plano Nacional para a Água que reforce a disponibilidade de água nas regiões mais afetadas pela seca, trazendo a água de onde ela abunda para onde ela escasseia, reforçando o Alqueva como grande reservatório para a regularização hídrica do Sul do País e a Barragem de Santa Clara como o ‘hub’ para a distribuição de água ao Sudoeste Alentejano e ao Barlavento Algarvio.

Para tanto, há que realizar a interligação Alqueva-Mira-Odelouca-Bravura e assegurar a reabilitação das infraestruturas do sistema de distribuição de água.

Estas soluções, que podem estar operacionais até quatro anos após a tomada de decisão por parte do Governo, têm capacidade para garantir os recursos hídricos necessários aos consumos atuais e futuros do Sudoeste Alentejano e do Algarve.

A sessão de assinatura do manifesto decorreu, na terça-feira, na Barragem de Santa Clara, onde marcaram também presença os presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e do Algarve, as entidades regionais de Turismo do Alentejo e Algarve, a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo e todas as associações representativas da agricultura do Sudoeste Alentejano e do Barlavento Algarvio.

A assinatura do Manifesto foi precedida de uma conferência na qual participaram e intervieram um conjunto de personalidades e especialistas que suportaram tecnicamente as medidas nele constantes.

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