O presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, disse hoje que vai encetar esforços para tentar minimizar os impactos da paragem de produção durante seis meses na Indorama, mostrando-se preocupado com os salários dos trabalhadores.

“Vejo [esta situação] com preocupação quando estão em causa postos de trabalho e remunerações” dos 134 trabalhadores desta unidade fabril, afirmou o autarca que esta manhã recebeu uma delegação de trabalhadores e dirigentes sindicais.

Em declarações à agência Lusa, no final do encontro, o autarca explicou que os trabalhadores “transmitiram as suas preocupações relativamente aos salários” que vão ser reduzidos e, que por essa razão, vai encetar “todos os esforços” no sentido de minimizar o impacto do ‘lay-off’ anunciado pela empresa.

“Essa é uma questão que tem impactos muito negativos na vida das pessoas e espero sinceramente que esta situação possa ser alterada. Vou fazer alguns contactos não apenas com a empresa, como também com o Ministério da Economia, que tutela esta área, no sentido de tentar evitar que esta situação aconteça”, referiu.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE Sul) , em comunicado, a administração avançou com uma proposta que engloba a paragem da produção durante “seis meses renováveis por igual período” e o pagamento de 66% do salário atual dos trabalhadores.

“A Câmara tem, desde há poucos dias, conhecimento da situação, através de uma conversa com um responsável da fábrica, que deu a entender as dificuldades que existiam neste momento no mercado mundial e que abrangem a unidade de Sines”, explicou Nuno Mascarenhas.

À Lusa, o autarca defendeu que a paragem de produção desta unidade fabril “requer um acompanhamento muito próximo por parte das entidades oficiais no sentido de tentar minimizar o impacto negativo junto dos trabalhadores”.

“O facto de a empresa poder vir a assumir a restante percentagem dos vencimentos era algo bastante positivo”, avançou Nuno Mascarenhas, acrescentando que o município vai “tentar sensibilizar” os responsáveis da empresa nesse sentido.

No encontro com o autarca, a delegação de trabalhadores da Indorama e dirigentes sindicais, entregou um documento, aprovado em plenário, a reclamar “igualdade de tratamento de todos os trabalhadores no pagamento dos salários” e uma “intervenção do Governo para impedir mais um saque aos cofres públicos e a preservação de todos os postos de trabalho”

No documento, os trabalhadores solicitam igualmente a intervenção do presidente da Câmara de Sines junto do Governo e da administração da Indorama “também para assegurar a segurança das instalações, na medida em que agora é pretendido reduzir o número de trabalhadores destinados a assegurar a integridade” da fábrica.

Em agosto o sindicato pediu uma reunião urgente ao ministro da Economia para o sensibilizar para a urgência de tomada de medidas que salvaguardem os postos de trabalho da unidade fabril e a economia nacional.

A empresa tailandesa Indorama Ventures adquiriu, em novembro de 2017, a antiga fábrica da Artlant, unidade industrial ligada à área petroquímica instalada no complexo industrial de Sines, num investimento de 28 milhões de euros.

A Artlant, que tinha a Caixa Geral de Depósitos (CGD) como principal credora, foi declarada insolvente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa no final do mês de julho de 2017, dois anos depois de ter entrado em Processo Especial de Revitalização (PER).

A unidade fabril, agora nas mãos da Indorama Ventures, é produtora de ácido tereftálico purificado, a matéria-prima utilizada para a produção de politereftalato de etileno (PET), componente base no fabrico de embalagens de plástico para uso alimentar (como garrafas para bebidas), e tem uma capacidade produtiva de 700 mil toneladas por ano.

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