A Associação Protetora do Montado Contra a Ferrovia Relvas Verdes Grândola Norte (REVER) lançou uma petição ‘online’ a exigir uma alternativa ao troço ferroviário de mercadorias Sines-Grândola Norte, proposto no âmbito do Plano Ferroviário Nacional (PFN).

O PFN 2023 prevê uma linha férrea de mercadorias no troço Relvas Verdes e Grândola Norte, que "é alvo de contestação, uma vez que cria uma divisão profunda dos concelhos de Grândola e Santiago do Cacém, com uma contradição absoluta nos seus planos de desenvolvimento, impactos negativos em milhares de empresas, residentes e em setores chave para o desenvolvimento sócio económico do país, como do turismo", defende a associação.

No documento, que será enviado ao Presidente da República, Presidente da Assembleia da República (AR), primeiro-ministro, ministro das Infraestruturas, ministro do Ambiente e da Ação Climática, partidos com representação na AR e presidente da Infraestruturas de Portugal, a associação diz que o desenvolvimento do Porto de Sines "não se pode fazer lesando os outros concelhos limítrofes" e "as suas populações".

E considera que o traçado "não é compatível" com alguns fatores.

"Serão atingidos de modo criminoso e de modo irrevogável os habitantes e as populações de aldeias e montes centenários com práticas de economia de subsistência", acentuando-se "o processo de desertificação das freguesias pelos atuais residentes", argumenta.

Para a REVER, além do projeto implicar "muitas expropriações, pagas ou não, com valores totalmente irrealistas [e] com um total desprezo pela vida das pessoas" destrói de "forma irrecuperável, muitos milhares de sobreiros centenários e saudáveis, bem como outras espécies".

"O traçado projetado passa a nascente das Lagoas de Santo André e da Sancha, [Santiago do Cacém], e Melides [Grândola], que são Áreas Protegidas - Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha, com 5.265,51 ha, onde ocorrem os habitat característicos dos vários tipos de margens que se estabelecem entre o mar e as praias, entre as lagunas e os prados, e entre as ribeiras e as várzeas", lê-se na petição.

No entender da associação, o "espaço canal" deste projeto, “esventra e descaracteriza literalmente a serra de Grândola, a sua paisagem e a paisagem de Santiago do Cacém".

Também o ruído e as vibrações da linha de caminho de ferro preocupam a associação que alude para o impacto "muito significativo, não mitigável ou compensável" das vibrações que se propagarão  "entre 3 a 5 km de distância".

Na segunda-feira, a Câmara de Grândola criticou também a possível construção deste troço ferroviário Sines-Grândola Norte, proposto no novo PFN, alegando que não será viável em termos territoriais e ambientais.

Num comunicado divulgado no início deste mês, também a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL) já tinha criticado diversos aspetos do PFN, nomeadamente a nova "ligação entre Sines e Grândola pelo litoral", acerca da qual reivindicou mais esclarecimentos.

Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.