O presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), João Cadete de Matos, insistiu hoje na urgência de se avançar com o projeto de substituição dos cabos submarinos de comunicação eletrónica entre o continente, os Açores e a Madeira.

“É muito urgente lançar este projeto e adjudicá-lo a alguém que o desenvolva”, tendo em conta o “limite temporal de 2024” em que “desejavelmente a nova ligação deve estar estabelecida para não corrermos nenhum risco de disrupção das comunicações em território nacional”, defendeu.

O presidente da Anacom falava aos jornalistas à margem da Conferência sobre a Conectividade Internacional e a Plataforma Europeia de Dados que decorre, hoje e amanhã, no Centro de Negócios da Aicep Global Parques, em Sines, no distrito de Setúbal.

“Aquilo que sabemos é que em todo o mundo os cabos submarinos estão a ter um enorme crescimento, um enorme desenvolvimento” e para isso “Portugal tem de, desde já, marcar a sua posição e conseguir que os fornecedores destas tecnologias estejam disponíveis para concretizar, neste prazo, este projeto”, frisou.

Mostrando-se “otimista” uma vez que “estão tomadas as decisões e está confiada a responsabilidade do projeto a uma empresa pública de grande dimensão e capacidade que é a IP Telecom”, o responsável disse estar “absolutamente convencido que o projeto se vai desenvolver em tempo útil” e que é possível “atingir esse objetivo”.

A IP Telecom, responsável pelo novo Anel CAM, “está a dar muita prioridade a esse projeto”, estando “a procurar ter fontes de financiamento, se possível, fundos europeus e, se necessário também, fundos do Orçamento de Estado português”.

Segundo o responsável, um dos objetivos destes novos cabos submarinos é a "sua competitividade", que vai permitir "baixar os custos das comunicações" e fazer “com que nos Açores e na Madeira exista uma oferta de comunicações e de acesso à internet com a mesma qualidade e com o mesmo preço que em todo o território”.

O projeto permite que “os operadores que queiram ter ofertas em território nacional tenham a mesma possibilidade de ter essas ofertas nos Açores e na Madeira”, acrescentou João Cadete de Matos, destacando “a relevância que se atribuiu” à criação de “um projeto autónomo e de responsabilidade pública”, que liga as duas regiões autónomas e o continente.

Segundo a Anacom, em comunicado, este Anel, dotado de deteção sísmica ambiental, “irá integrar o ramo doméstico (um par de fibras óticas entre a Madeira e o continente) do cabo submarino Ellalink, que vai assegurar a ligação entre a Europa e a América do Sul”, cuja inauguração está prevista para a próxima terça-feira, 01 de junho, com a presença do primeiro-ministro, António Costa.

“É uma das outras dimensões importantes do cabo Ellalink, que vai ser o primeiro neste troço da Madeira para o continente, a estar preparado com equipamento que vai permitir ter informação de natureza sísmica”, sublinhou o responsável.

O investimento na substituição dos cabos submarinos de comunicação eletrónica entre o continente, os Açores e Madeira é de 118,9 milhões de euros, uma obra que deverá estar concluída em 2024 e 2025, respetivamente, segundo diploma publicado em setembro do ano passado.

O despacho, publicado em Diário da República, em 30 de setembro de 2020, determina que se inicie o processo de substituição do atual sistema de comunicação eletrónica entre o continente e as ilhas, “a construção do anel CAM deverá ser considerada como projeto prioritário, para efeitos de acesso a financiamento da União Europeia”, estimando-se que o valor do investimento seja de 118,9 milhões de euros.

O novo conjunto de infraestruturas de cabos submarinos CAM vai dispor de seis pares de fibras óticas em todos os segmentos, complementado por um par de fibras óticas, a partir da Madeira, e deverá ser dotado de equipamento de deteção sísmica, “para produção de alertas, de medições ambientais, de deteção de atividade náutica submarina e de transmissão de dados de projetos científicos”.

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